“Não se conhece qualquer associação entre próteses mamárias e cancro; não existe; (…) Não se pode associar quaisquer problemas de saúde aos implantes mamários da marca PIP…”
O governo Francês pondera sugerir a cerca de 30.000 mulheres que retirem próteses mamarias, da marca PIP, que supostamente terá adulterado a composição desses implantes (condicionando rupturas precoces e extravazamento do seu conteúdo), na suposição, que esse silicone possa directamente causar, doenças graves – cancro -, nas suas portadoras.
Algumas questões se levantam perante este cénario, que antes do mais, causa um elevado grau de ansiedade ás envolvidas, cabendo-nos a nós, tentar esclarecer alguns pontos que nos parecem pertinentes:
- a cirurgia de prótese mamária, tanto estética como reconstructiva, será das cirurgias mais frequentes no mundo, e das mais amplamente estudadas, nas sua possíveis complicações e efeitos acessórios, nunca tendo sido associada, após vastíssimos e multicêntricos estudos, qualquer patologia ao silicone utilizado na composição das próteses de utilização médica
- não se conhece qualquer associação entre próteses mamárias e cancro; não existe.
- a grande maioria das marcas de implantes mamários disponíveis no mercado nacional, são formadas por um gel de silicone altamente coesivo, que em caso de ruptura, não origina qualquer extravasamento
A opinião expressa pela “British Association for Plastic Reconstructive and Aesthetic Surgery” em comunicado de 20 Dez 2011, confirma não se poderem ainda associar quaisquer problemas de saúde aos implantes mamários da marca PIP, acreditando que a decisão do Governo Francês acabará por se restringir a medidas preventivas.
As doentes com próteses mamárias deverão contactar o seu cirurgião, caso suspeitem de ruptura, ou prosseguir com os seus habituais controlos de rotina.
Do ponto de vista do cirurgião, qualquer dispositivo médico, comercializado no País onde exerce, e devidamente certificado pela autoridade competente desse mesmo País, não deve levanter dúvidas acerca da sua credibilidade; a ser verdade que a empresa em causa alterou, criminalmente e cons fins lucrativos, a composição do silicone utilizado no fabrico dos seus implantes mamarios, será tambem verdade que os mecanismos reguladores, responsáveis por certificar esses dispositivos, falharam.
Esta marca comercializava as suas próteses a um dos menores preços do mercado, o que provavelmente terá condicionado a sua ampla difusão; em tempos de crise económica, tenderão provavelmente a surgir no mercado implantes mamários de baixo custo, que serão colocados por medicos “baratos”, em clínicas ”lowcost”, que utilizam “genéricos de genéricos”; na cirurgia, como em muitas outras áreas da vida, o barato pode sair caro….
Lux, Saúde, 2016

